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segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

COPACABANA e sua história

Copacabana é o bairro mais conhecido
do Rio de Janeiro,
do Brasil,
do mundo!

A primeira lenda que se conhece sobre Copacabana, o bairro, que já tinha este nome, conta que duas baleias, encalhadas segundo alguns, livres segundo outros, teriam aparecido na praia, no final de agosto de 1858. Entre os dias 22 e 23 daquele ano, centenas de pessoas - com o imperador Pedro II e sua comitiva à frente - deslocaram-se para vê-las.
Copacabana 1872
Socó Boi
Os mais ricos seguiam de coches, puxados a cavalo, e levavam um grande farnel barracas para se acomodarem. Outros iam a cavalo, ou mesmo a pé. As baleias não estavam mais lá, apesar disso, quem ficou na praia divertiu-se muito, num piquenique que durou três dias e três noites.

Começou daí o namoro da população do Rio de Janeiro com aquele areal inóspito e insalubre, que em meados do século XVIII, trocara o nome de Sacopenapã (toda a região de Copacabana  até a Lagoa Rodrigo de Freitas), em tupi o caminho das socós (ave pernalta, da família dos ardeídeos, muito abundante nas restingas do Rio de Janeiro), por Copacabana, mirante do azul, em quichua (nativos do Peru e da Bolívia) e, também, vem do termo aymara arcaico Copakawana e significa aquele que atira a pedra preciosa.
Igrejinha de Copacabana
Na península de Copacabana, ao Sul do lago Titicaca, entre os países do Peru e da Bolívia existe uma capela onde está uma imagem da Virgem Maria, supostamente milagrosa. Uma réplica dessa imagem foi mandada para o Rio de Janeiro que construíu uma capela, no local onde hoje é o Posto Seis, e foi dedicada a Nossa Senhora de Copacabana, surgindo o nome do bairro.



Entretanto, a região só foi incorporada à cidade em 6 de julho de 1892, com a inauguração provisória do Túnel de Real Grandeza, atual Túnel Velho, cujo nome correto é Túnel Alaor Prata. Nessa ocasião, com a presença do presidente, em exercício, Marechal Floriano Peixoto, foi lavrada uma ata que marcou, oficialmente, o nascimento do bairro de Copacabana.

Esse grande melhoramento permitiu que fosse estendida uma linha de bondes, a princípio de tração animal, até a Praça Serzedelo Correia. Posteriormente, estenderam-se ramais até o Leme e o fim da Rua Nossa Senhora de Copacabana.
Túnel Velho
Outro túnel, conhecido como Túnel Novo, só foi construído em 1904 e um segundo ao seu lado bem mais tarde, ambos cortam o Morro da Babilônia.

Desde os primeiros anos do século XVIII, muitas terras de Copacabana eram desmembradas em chácaras de variadas dimensões. Em 1779 Copacabana é integrada no sistema defensivo da cidade, para evitar a entrada de piratas, com a edificação de fortificações no Reduto do Leme do Forte do Vigia, no morro da Babilônia e o Reduto de Copa-Cabana, junto a Ponta da Igrejinha. Já existiam as baterias do Inhangá do Reduto do Leme.

A pintora e escritora inglesa Maria Graham, em 1824, publicou o primeiro livro que mencionava Copacabana. Em seu livro Diário de uma viagem ao Brasil, a autora faz este relato: Depois que voltei, juntei-me a um alegre grupo num passeio a cavalo a Copacabana, pequena fortaleza que defende uma das baías atrás da Praia Vermelha e de onde se pode ver algumas das mais belas vistas daqui. As matas das vizinhanças são belíssimas e produzem grande quantidade de excelente fruta chamada cambucá, e nos morros o gambá e o tatu encontram-se freqüentemente.

Jean Baptiste Debret, que veio ao Brasil como membro da Missão Artística Francesa, descreve, em 1834, em sua obra Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil:

Vê-se no meio da areia a pequena igreja de Copacabana, isolada num pequeno platô, mais a direita um segundo plano, formado por um grupo de montanhas, entrando pelo mar e esconde a sinuosidade do banco de areia, cuja extremidade reaparece com sua parte cultivada, tão reputada pelos seus deliciosos abacaxis.
Posto 6


Copacabana
Quando Copacabana não passava de um imenso areal, havia somente um acesso por mar, até alcançar a praia com vários alagadiços onde estariam antigas tabas de índios tamoios. Em 1855, nascia a ladeira do Barroso, atual Tabajaras e seu prolongamento a Rua Siqueira Campos.


José Martins Barroso, proprietário de terras em Copacabana, mandou construir uma estrada de meia rodagem, onde pudessem transitar carruagens e cavaleiros em direção à praia, ligação que começava na Rua Real Grandeza, subindo a grota entre os morros de São João e da Saudade. Esta assim criada a segunda passagem que levava à Copacabana.

Depois de muitas concessões que não deram em nada, a 16 de agosto de 1872, o Decreto 5.058 concedeu ao Barão de Mauá o privilégio, por 20 anos, para lançar cabos submarinos e explorar a telegrafia elétrica entre o Brasil e a Europa através da Brazilian Submarine Telegraph Company. Finalmente, a 22 de junho de 1874, o Brasil era ligado à Europa pelo cabo submarino. Nesse dia, por seus serviços prestados, o Barão de Mauá foi elevado a Visconde.
Copacabana
Praia das Pescarias
Copacabana (Posto 6) em 1895. Vemos a recém-aberta rua Francisco Otaviano, morro Dois Irmãos e Lagoa. A casa à direita, na esquina da Francisco Otaviano, era o famoso rende-vouz de Mère Louise. No pequeno casebre em frente ficava o telégrafo a cabo que ligava o Brasil à Europa, inaugurado em 1874.
Os trabalhos começaram num terreno desmembrado da Fazenda de Copacabana, na praia das Pescarias, atual Posto Seis. Entre cajueiros e pitangueiras foram construídas duas casas, uma por onde passava o cabo submarino e a outra, ao lado, para os funcionários, era a casa dos ingleses. De Copacabana, em junho de 1874, o Brasil passa a ser ligado à Europa por esse cabo submarino.
Alguns anos depois, o Dr. José de Figueiredo Magalhães inicia um serviço de diligências para Copacabana, saindo da Rua São Clemente para a Rua Real Grandeza, em Botafogo, subia a ladeira do Barroso, hoje dos Tabajaras, até Copacabana. Já havia uma casa de saúde, com hotel anexo, em 1878, que o Dr. Figueiredo Magalhães mandara construir para atender seus pacientes.

Empresa de Construções Civís
Na década de 90, do século XIX, formou-se a Empresa de Construções Civis para lotear Copacabana. Essa empresa foi criada por Alexandre Wagner, seus genros Otto Simon e Theodoro Duvivier, junto com Paula Freitas e Torquato Tapajós. Em 1891, a empresa comprou as propriedades de Alexandre Wagner que iam das proximidades da ladeira do Barroso até o Leme, para abertura de ruas e construções de casas.
A história de Copacabana começa com a inauguração do Túnel de Copacabana, a 6 de julho de 1892 (hoje Túnel Alaor Prata, mais conhecido como Túnel Velho), construído pelo engenheiro Coelho Cintra, gerente da Companhia Ferro-Carril Jardim Botânico.
Posto 6
Por muito tempo Copacabana foi habitada apenas por humildes pescadores que viviam em palhoças. Muitos homens e companhias de empreendimentos anteviam as possibilidades do bairro e apostavam nelas lançando loteamentos. Foi o progressivo entrelaçar desses loteamentos que deu o aspecto geometricamente ordenado às suas ruas.
Um homem em particular, o doutor Figueiredo Magalhães, acreditava muito no futuro de Copacabana. Morador de uma chácara no bairro, desde o começo da década de 80, do século XIX, passou a apregoar os benefícios terapêuticos dos bons ares e mares da tranqüila Copacabana a seus pacientes.

Para motivar ainda mais o público, as companhias interessadas, como a do Jardim Botânico, alardeavam as qualidades do bairro, mas alguns acionistas da empresa achavam temerário fazer circular bondes sobre terreno arenoso. Seus diretores, porém, argumentaram que "as duas praias de Copacabana e Arpoador são dotadas de um clima esplêndido e salubre, beijadas constantemente pelas frescas brisas do oceano, constituindo dois verdadeiros sanatórios e que como parte de uma cidade periodicamente dizimada por epidemias, rapidamente seriam procuradas pela população como nas cidades balneárias da Europa".
Os primeiros anos do século XX foram de grande progresso para o bairro de Copacabana, quando foram instalados os primeiros bondes movidos a eletricidade para o ramal do Túnel de Copacabana até a estação Malvino Reis (atual Praça Serzedelo Correia). É construído um grande restaurante-balneário, no final da praia do Leme e criado o Grupo Carnavalesco o Prazer do Leme.
Final da Praia do Leme


Túnel do Leme
Em 1906, 4 de março, é inaugurado o Túnel do Leme (atual Engenheiro Coelho Cintra) que ligava Botafogo à Rua Salvador Correia (hoje Avenida Princesa Isabel), com bondes de tração elétrica até a praça do Vigia (atual Praça Júlio de Noronha).
Nesse mesmo ano, o prefeito Pereira Passos inicia as obras de construção da Avenida Atlântica, que até então não passava de fundo de quintal das casas da Avenida Nossa Senhora de Copacabana. A pedreira de Inhangá é arrasada e as calçadas são revestidas de mosaicos pretos e brancos, com desenhos em ondas, trazidos de Portugal.
Copacabana
Com as facilidades de acesso ao novo bairro torna-se moda ir à Missa do Galo, na Igrejinha de Copacabana. Uma grande novidade: é inaugurado o primeiro cinema do bairro, na Praça Serzedelo Correia. Nessa época, os habitantes das cerca de 600 casas do bairro podiam divertir-se na Cervejaria Brahma, no final do ramal do bonde do Leme, e no Cabaré Mère Louise, próximo à Igrejinha, que funcionava dia e noite e lembrava um cabaré de far west. É criada a paróquia de Nossa Senhora de Copacabana e Santa Rosa de Lima. No promontório da Igrejinha é colocada a pedra fundamental para a construção de uma fortaleza, atual Forte de Copacabana.

Em 1910, dezoito anos após sua existência como bairro, Copacabana tinha 20.000 moradores que enviaram um abaixo-assinado à Prefeitura reivindicando a instalação de escolas, sanatório e praça para recreação infantil. A aviação estava em franco desenvolvimento e a praia de Copacabana era considerada um excelente campo de pouso, não só pela sua extensão de areia, como pelas ótimas condições de visibilidade para os pilotos dos aviões, que decolando da praia, iam fazer piruetas nos céus do Centro da cidade.
Com a presença do presidente da República, marechal Hermes da Fonseca, em 1914, junto à Igrejinha é inaugurado o Forte de Copacabana. No ano anterior, eram iniciadas as obras de construção do Forte do Leme (hoje Forte Duque de Caxias) no início da praia do Leme, no Morro do Vigia do Leme.

Somente em 1915 foi assinado pelo prefeito Rivadávia da Cunha, o decreto determinando a separação de Copacabana do distrito da Gávea, apesar de sua criação em 1892.
Forte de Copacabana
Outro decreto de outubro de 1917 reconhece a denominação de Praia de Copacabana, nos seus mais de 4km de extensão, que tinha 45 ruas, 1 avenida, 4 praças, 2 ladeiras e 2 túneis.
Os banhos de mar entram na moda e a Prefeitura resolve regulamentar o funcionamento dos balneários. Em 1917 o prefeito Amaro Cavalcanti, baixou um decreto regulamentando o uso do banho de mar:

"O banho só será permitido de 2 de Abril à 30 de Novembro das 6h às 9h e das 16h às 18h. De 1 de Dezembro à 31 de Março das 5h às 8h e das 17h às 19h. Nos Domingos e feriados haverá uma tolerância de mais uma hora em cada período."
"Vestuário apropriado guardando a necessária decência e compostura."
"Não permitir o trânsito de banhistas nas ruas que dão aceso às praias, sem uso de roupão ou paletots sufficientemente longos, os quaes deverão se fechados ou abotoados e que só poderão ser retirados nas praias."
"Não permitir vozerios ou gritos, que não importem em pedidos de socorro e que possam alarmar os banhistas."
"Prohibir a permanencia de casaes que se portem de modo offensivo à moral e decoro públicos nas praias, logradouros e nos vehiculos".

Depois do banho de mar matinal, todos iam beber seu copo de leite, ao pé da vaca, num estábulo da Rua Barata Ribeiro.
Rua Barata Ribeiro
Na administração do prefeito Paulo de Frontin é inaugurada a nova Matriz de Nossa Senhora de Copacabana e Santa Rosa de Lima, no local onde estava a Capela do Senhor do Bonfim (atual Praça Serzedelo Correia). Tambem, no mesmo ano, em 22 de julho de 1919, foi inaugurada a nova Avenida Atlântica, com pista dupla e iluminação no canteiro central, o que embelezou mais ainda a praia. Dessa época datam os primeiros edifícios de apartamentos de Copacabana e o novo Forte do Leme (atual Forte Duque de Caxias).
Os 18 do Forte
Três anos depois, em 5 de julho de 1922, os revoltosos do Forte de Copacabana, atravessaram a Avenida Atlântica, em marcha contra 4.000 soldados governistas. Os amotinados pretendiam fazer um desagravo à prisão do marechal Hermes da Fonseca, ordenada pelo presidente Epitácio Pessoa.
No começo do episódio eram 301 amotinados, no meio 29 e no final 19, dos quais 18 eram militares, a maioria no posto de tenentes, daí nasceu o termo tenentismo. Destes somente Eduardo Gomes e Siqueira Campos sobreviveram ao último tiroteio.

Depoimentos

"Av Atlântica, lindas casas construidas pelas familias Guinle, Dias Garcia, Paula Machado, imediações posto 03. Ainda hoje existe a casa dos Dias Garcia... Chateaubriand adquiriu por compra uma da familia Guinle. Nesta avenida existiu o Hotel Londres muito antes do Copacabana Palace. Na esquina da Atlantica com Santo Expedito moravam familiares de Olegario Mariano. A área hoje é ocupada por um restaurante usado para festas no carnaval. 1918/1925 época de minha referencia não existiam predios (arranha-ceu), somente casas. O primeiro edificio da Av Atlântica foi construido no final do Posto Seis, edificio Olinda, ali hoje é um hotel construido por Santos Dias (familia pernambucana).

Na esquina da Av Atlantica com Barrozo, Posto Treis existia predio servindo assistencia publica como mais adiante uma escola publica. Ha um fato, acredito ocorrido 1919 a 1922, naufragio e/ou encalhe de um navio mercante cujos restos permanceram por muito tempo no local, era nas imediações hoje Copacabana Palace.

Cinemas Atlantico e Americano. O primeiro, no quarteirão Barrozo/Figueiredo Magalhaes, o segundo defronte a Dias da Rocha (cinema mudo).

Na esquina da rua copacabana / Barrozo existia a estação dos bondes da Light e ao lado Hotel Balneario. Copacabana era servida pelos bondes eletricos, dos tipos respectivamente apelidados por Bataclan e outro, inferior, de Taioba e, ainda, outro para carga fazendo entrega a domicilio.

Na minha lembrança havia um hotel na rua copacabana bem afastado do parametro da rua, em cima da pedra usando um plano inclinado para locomoçãp dos hospedes. Possuia denominação estrangeira hotel dos inglezes, talvez. Ficava onde hoje tem a Praça Sarah Kubischek defronte da rua Almirante Gonçalves. Não tenho encontrado nenhuma referencia sobre a existencia deste hotel. Ali perto deste trecho morava o medico pernambucano Pereira Ernesto que foi, no governo Vargas, prefeito do Rio. Colegio; lembro-me da existencia do gymnasio brasileiro ocupando uma grande area e hoje é a Galeria Menescal.

Há uma ocorrencia bélica no bairro de Copacabana (não se trata dos 18 revoltosos) mas do bombardeio de um navio de bandeira alemã, BADEN, que no dia 24 ou 30 outubro 1930 (vitoria revolução) zarpou do Porto Rio sem autorização da Marinha e desobedeceu as advertencias do forte do leme com tiros canhão sendo atingido na popa quando passava praia Ipanema Leblon. esta eu assisti e consta da historia do forte do leme. São coisas da memoria de menino. Agradeço seu reparo, Sylvio!" Sylvio Vasconcellos
Em setembro de 1923, foi inaugurado com pompa, na Avenida Atlântica, o Copacabana Palace Hotel, considerado o mais sumptuoso edificio do genero que possue a America do Sul e um dos mais lindos do mundo.

O hotel tornou-se um ponto de convergência da alta sociedade carioca e, dessa forma, os terrenos vizinhos ao hotel ficaram muito valorizados.
Copacabana Palace
No trecho das avenidas Atlântica e Nossa Senhora de Copacabana, próximo a praça do Lido, ergueram-se os primeiros edifícios de apartamentos, símbolos de um bairro moderno e elegante.

O estilo art-déco surgia na cidade e foi imediatamente implantado em Copacabana que ainda existem até hoje, onde esse estilo se apresentou de forma mais expressiva nos prédios:

Edifício Itaóca (Rua Duvivier, 43),
Edifícios Tuyuti, América e Caxias (Rua Ministro Vieiros de Castro, 100, 110 e 116),
Edifícios Ophir e Guahy (Rua Ronald de Carvalho, 154 e 181).


Os moradores famosos começavam a surgir. A família do jornalista Mário Rodrigues - pai de Nelson Rodrigues, então com 12 anos -, instalou-se próximo ao Inhangá, em 1924, mudando-se dois anos depois para um espetacular palacete na esquina das ruas Joaquim Nabuco e Raul Pompéia. A sucessiva morte de uma filha de 8 meses, de um filho assassinado e do pai Mário, diz-se de desgosto, empurrou a família Rodrigues para a Zona Norte. Na obra do cronista e dramaturgo, a Zona Sul seria sempre uma filial do inferno. O tal palacete penou com a fama de mal-assombrado até ser demolido em 1960.
Areal
Copacabana ainda era uma planície semideserta, mas tinha um grande ponto de encontro. Em 1905, a casa de Afrânio de Melo Franco, na Avenida Nossa Senhora de Copacabana reunia a intelectualidade daquela época, para conferências, escolha de candidatos e também política internacional. Desde o governo do presidente Venceslau Brás (1914), a casa de Mello Franco recebia todos os políticos importantes.
Durante o período de interinidade do presidente Delfim Moreira (1918), o Governo da República ali se abrigou. A campanha de eleição de Artur Bernardes (1922) para a presidência e a luta de bastidores, desenrolou-se nos seus salões. Episódios políticos que precederam a escolha de Getúlio Vargas (1930) como candidato da Aliança Liberal, também ali aconteceram.

Copacabana fez política durante décadas, porque muitos nomes que fizeram a história do Brasil escolheram o bairro para morar:

    Presidentes da República
  • Eurico Gaspar Dutra
  • João Fernando Campos Café Filho
  • Carlos Coimbra da Luz
  • Nereu de Oliveira Ramos
  • Juscelino Kubitscheck de Oliveira
  • João Belcjior Marques Goulart
  • Ranieri Mazzili
  • Emílio Garraztazu Médici
  • Tancredo de Almeida Neves
    Governadores
  • Carlos Werneck Lacerda
  • Magalhães Pinto
  • Leonel de Moura Brizola
    Ministros de Estado
  • Odílio Denys
  • Afrânio de Mello Franco
  • Henrique Teixeira Lott
  • Armando Falcão
  • Horácio Lafer
  • Lyra Tavares
  • Lucas Lopes
  • Otávio Gouveia de Bulhões
  • Otávio Gondin
Eleita Miss Brasil, em 1954, a baiana Marta Rocha, que ficou em 2º lugar no concurso de Miss Universo, por causa de duas polegadas a mais, nos quadris. Hoje, ainda muito bonita e já tendo passado dos 60 anos, com três filhos e seis netos, Marta Rocha é ilustre moradora de Copacabana e diz que para manter a forma tem dois segredos: caminhar no calçadão da Avenida Atlântica e tomar água de coco.


Na praça Vinte e Seis de Janeiro, atual Praça Bernadelli (mais conhecida como Praça do Lido, foi construído um pavilhão normando, em 1928, onde durante muitos anos funcionou um dos restaurantes mais elegantes da cidade, o Lido. Seus bailes de carnaval eram famosos e iam até às 11 horas da manhã.

Em 1931, encontravam-se construídos vários prédios de apartamentos, naquela região. Esses prédios recebiam a denominação de palacetes- atribuição equivalente à das casas isoladas, dos palacetes das classes abastadas, como forma de conferir-lhes o mesmo grau de distinção que estes e tornado-os bem aceitos.

O Palacete Duvivier, de propriedade de Eduardo Duvivier; o Edifício Itaóca; o Palacete Veiga; o Palacete São Paulo, a Casa Rosada; o Palacete Oceânico, são alguns destes prédios.

Os apartamentos também deveriam oferecer bastante conforto e o mínimo de privacidade para que não se comparacem às habitações coletivas. Deveriam ter entradas nobres e entradas de serviço. As dependências de empregados deveriam ficar, o mais que pudessem, afastadas dos cômodos que serviam às famílias. Deveriam ter, pelo menos duas salas: a de visitas e a de jantar; saletas e quartos amplos. Materiais nobres como piso de mármore, decorações em gesso em alto relevo, cristais lapidados, lambris de madeira, eram indispensáveis.

Os estilos arquitetônicos predominantes eram o Luís XV e o Luís XVI. Os ocupantes desses primeiros edifícios eram, geralmente, estrangeiros, que procuravam alugar os apartamentos sobretudo na época do verão. As famílias não precisavam se preocupar com empregados, pois os encarregados dos apartamentos se incumbiam de tudo- num tipo de serviço que poderia ser considerado o precursor dos apart-hotéis, que se instalariam no bairro, e na cidade, cinqüenta anos mais tarde.

As crianças residentes nos apartamentos faziam das praças e da praia seus quintais. Os apartamentos Ferriri, na Rua Sá Ferreira no entanto, ofereciam opção de lazer, o que não precisava ser em espaços públicos: em seu terraço, os inquilinos desfrutavam de jogos de salão, balanços, bancos de jardins. As facilidades, porém, tinham um alto custo. Assim, ficava claro a sua destinação a pessoas mais abastadas.

A implantação dos arranha-céus em Copacabana dividiu as opiniões dos moradores: para uns, os edifícios não passavam de casas de cômodos e pareciam verdadeiros caixões, para outros, eram uma onda de civilização. De qualquer forma, a quantidade de edificações como esta, era ainda pouco expressiva. Os prédios mais altos localizavam-se na Avenida Atlântica, na Avenida Nossa Senhora de Copacabana e no Lido - os lugares que possuiam maior largura.

Apesar de ainda existirem muitas casas, o surgimento dos pequenos e grandes prédios foram mudando rapidamente a fisionomia das ruas do bairro.

Copacabana teve a sua paisagem marcada pelas construções em estilo art-decô, com a simplicidade das linhas retas, as janelas inspiradas em vigías de navio e guarda-corpos de ferro arredondado. Foi neste bairro que este estilo se mostrou de forma mais expressiva. Até hoje, podemos identificá-lo em alguns prédios: nos vastos halls, nos detalhes em ferro e vidro das portas, nos lereiros e luminárias, nos relevos sutis do concreto das fachadas, nas saliências e reentrâncias...

A criatividade e as características desse estilo são marcantes. A grande flexibilidade da planta dos apartamentos possibilitava uma circulação interna tranqüila por todos os cômodos. O uso externo de revestimentos nobres, formando uma barra de proteção, resguardava as paredes em contato com a rua. As varandas e balcões com párapeitos de alvenaria, total ou parcialmente imbutidos no corpo da edificação, se destacavam. A boa qualidade dos materiais de construção utilizados e o uso de formas arredondadas, principalmente nos prédios de esquina, permitiram uma ótima conservação.

O Copacabana Palace Hotel, com seu cassino, alçou a fama e a internacionalização do bairro. Em 1936, Noel Rosa cantava, em Tarzan, o filho do alfaiate:

eu poso pros fotógrafos/
e distribuo autógrafos/
a todas as pequenas lá da praia de manhã./
Um argentino disse, me vendo em Copacabana:/
no hay fuerza sobre-humana/ que detenga este Tarzan!
Havia outro cassino no bairro, inaugurado dois anos antes, o Atlântico, edificado onde antes era o Mère Louise (no futuro, estariam ali a TV Rio. Os cassinos atraíam personalidades do mundo todo até o dia 30 de abril de 1946, quando o presidente Eurico Gaspar Dutra baniu o jogo do país. O Copacabana Palace Hotel teve a glória de hospedar reis, imperadores, príncipes, presidentes do Brasil e de vários países, marajás da Índia, intelectuais, cientistas, artistas de todo o mundo e figuras respeitadas das mais diversas categorias.
Começam a circular, em Copacabana, os ônibus da Light, em 1931. Por essa época, nos seus arranha-céus já existiam apartamentos de aluguel por temporada, destinados a estrangeiros e turistas que vinham ao Rio de Janeiro passar o verão na praia. O edifício Palácio Império, na revista O Cruzeiro, anunciava apartamentos mobiliados, restarante e garagem. Em 1938, na administração do prefeito Henrique Dodsworth, são concluídos os trabalhos de corte do morro do Cantagalo, ligando Copacabana à Lagoa Rodrigo de Freitas.

A década de 40 viu Copacabana se firmar como bairro chique e sua vida noturna é dividida entre seus dois cassinos, o Copacabana, que pertencia ao Copacabana Palace Hotel, e o Cassino Atlântico, na Avenida Atlântica, esquina com a Rua Francisco Otaviano.


Prova da importância do bairro, na Academia Brasileira de Letras de Janeiro de 1946 haviam vários Imortais morando em Copacabana

Secretário Geral
20 - Múcio Leao, Rua Fernando Mendes, 7, apt. 122 47-3717

2o. secretário
4 - Viana Moog, Rua Tonelero, 200 26-8564

Bibliotecário
39 - Rodolfo Garcia, Rua República do Peru, 380 27-6083

Acadêmicos

11 - Adelmar Tavares, Rua Raimundo Correia, 70 27-3661
38 - Celso Vieira, Rua Gustavo Sampaio, 124, apto. 903 27-6133
19 - Gustavo Barroso, Rua Sá Ferreira, 123 27-2895
27 - Levi Carneiro, Rua Gustavo Sampaio, 92 27-4871
21 - Olegário Mariano, Rua Pompeu Loureiro, 36 27-0639
16 - Pedro Calmom, Rua Santa Clara, 415 26-0222
Porém, logo depois de empossado, em 30 de abril de 1946, o presidente Eurico Dutra, em decreto, proíbe o jogo no Brasil. O Cassino Atlântico logo fechou as portas, por não ter um hotel de sustentação, como era o caso do Cassino do Copacabana Palace Hotel, que transformou o espaço para shows e outras atividades turísticas. E assim surge a nova boêmia em Copacabana, onde o seu templo maior (embora de curta duração e final trágico) foi a boate Vogue.
Nessa época a vida noturna da cidade transfere-se definitivamente para Copacabana e o comércio varejista tinha 793 estabelecimentos, enquanto a população do bairro chegava perto dos 75.000 habitantes.

Copacabana, a Princesinha do Mar, foi eternizada em música de João de Barro, o Braguinha, e Alberto Ribeiro e gravada em 1946, por Dick Farney, tornando-se conhecida no mundo todo, com centenas de gravações. Os versos são:
Copacabana


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Naturalmente, com toda essa nobreza e afluência, duas grandes favelas já estavam nas encostas dos seus morros, desde a década anterior: a do Cantagalo e a da Babilônia. O bairro crescia, construções de casas e edifícios eram levantadas e de ruas abertas em direção do mar. Nas areias de Copacabana praticava-se todos os tipos de esportes: jogava-se pelada, peteca e o futebol de areia que deu origem a diversos clubes.
Favela do Cantagalo
Começam a se formar turmas de jovens no bairro que elegem esquinas e praças para as reuniões, onde criavam e mantinham as festas do carnaval e juninas. O ponto mais famoso dessas reuniões era o da Rua Miguel Lemos.

O sistema de moradia em apartamentos levou à formação de grupos de jovens que moravam na mesma rua.

As várias esquinas, até hoje, têm seus turmas de jovens. Nos anos 50 a mais famosa delas foi a da Rua Miguel Lemos, onde um líder se destacou, Cristiano Lacorte, que de sua cadeira de rodas movimentava o grupo, comparecendo a todos os eventos de Copacabana. No quarteirão eram - ainda hoje são - organizadas festas referentes a diversas comemorações do ano. No Carnaval crianças e adultos brincavam e continuam brincando na calçada, ao som de músicos especialmente contratados para os três dias de festas. Esses grupos se espalharam pelas ruas e não há Copa do Mundo de Futebol que não tenha as ruas decoradas por eles. Nas festas juninas são montados verdadeiros arraiás para a diversão dos moradores.



Lambretas na Avenida Atlântica
Lançaram e lançam modismos na música, nos esportes e na maneira de ser, como: o uso da lambreta, do blue jeans, o rock’n roll, esportes e a freqüência maciça aos cursos de línguas estrangeiras (na década de 90, cursos de informática).
Copacabana tinha muitas livrarias e dava atenção especial aos programas teatrais e cinematográficos, tornando-se o bairro pioneiro no surgimento de cineclubes, concertos musicais e a ter platéia para as jam sessions, sempre com muito sucesso. Sem dúvida, foi um modo de fazer com que vivendo na vertical os jovens desenvolvessem uma convicção de equilíbrio nas diferenças de classes sociais.

A década de 50 marcaria Copacabana com três acontecimentos importantes: o atentado a Carlos Lacerda, em 5 de julho de 1954; a morte de Aída Cury, em 14 de julho de 1958; o nascimento da Bossa Nova, em 1958 com a gravação do disco Canção do amor demais por Elizete Cardoso.


O jornal O Globo noticiava em 29 de janeiro de 1954

"Desde 1935, quando foi inaugurado o Cassino Atlântico, o Posto Seis, em Copacabana, tem sido um dos pontos de maior animação carnavalesca da capital da República. Atualmente, transformado em sede da Associação Atlética do Banco do Brasil (AABB), o edifício da esquina da Avenida Atlântica com a Rua Francisco Otaviano continua mantendo a tradição de baluarte da alegria carnavalesca. Há duas semanas vêm realizando em sua boate os movimentados bailes "Sassaricadas" (das 14h às 20h), os quais terão prosseguimento, todos os sábados, até o carnaval."

Atentado a Lacerda
Carlos Lacerda era deputado federal, em 1954, no Distrito Federal, cuja capital era o Rio de Janeiro.

O jornal O Globo noticiava em 24 de março de 1954

"Lacerda e filho de aranha trocam socos

Principiando por uma altercação seguida de luta corporal entre o Sr. Euclides Aranha e o jornalista Carlos Lacerda, um incidente que se prolongaria até a meia-noite, resultando, inclusive, em congestionamento do tráfego da Avenida Atlântica e interdição do local por autoridades policiais, perturbou na noite de ontem o jantar no Bife de Ouro, o restaurante do Copacabana Palace Hotel. Achavam-se reunidos na mesma mesa o ministro João Cleophas, o deputado Edilberto Ribeiro, o Sr. Manuel Ferreira e Carlos Lacerda, diretor da "Tribuna da Imprensa", num jantar promovido pelo deputado. De outra mesa, o Sr. Euclides Aranha, filho do ministro Oswaldo Aranha, jantava com a esposa, levantou-se, fisionomia transtornada, dirigiu-se à mesa onde se encontrava o referido grupo, deteve-se junto à cadeira do jornalista e interpelou-o sobre ataques dirigidos a seu pai na "Tribuna da Imprensa". À interpelação seguiu-se áspera troca de palavras, tendo o jornalista se levantado, entrando em luta com o filho do ministro da Fazenda. Segundo as testemunhas, os dois trocaram socos por algum tempo, até que amigos comuns se interpuseram e os separaram. Às 23h, o próprio ministro Oswaldo Aranha compareceu ao restaurante para ver o que ocorrera. Pouco depois, simultâneamente, por portas diferentes, os Srs. Euclides Aranha e Carlos Lacerda abandonaram o Bife de Ouro."

O presidente do Brasil era Getúlio Vargas, eleito em 1950, de cujo governo Lacerda fazia oposição permanente. Depois de várias crises contra o governo de Getúlio Vargas, sempre muito atacado por Lacerda, este sofreu um atentado, na Rua Tonelero, em Copacabana, onde morava, por elementos da guarda pessoal do presidente. Lacerda foi atingido no pé, mas seu amigo major Rubem Vaz, da Aeronáutica, de quem se despedia na calçada do edifício Albervânia, foi atingido mortalmente. Desse episódio, desencadeou-se enorme desgaste para Getúlio Vargas, culminando com seu suicídio, em 24 de agosto de 1954. Foi uma comoção nacional.


O jornal O Globo noticiava em 19 de maio de 1954

"As mazelas de Copacabana

Copacabana, que com sua maravilhosa praia, hoje célebre em todo o mundo, e a beleza alpestre dos seus limites do lado oposto do mar, bem podia ser um recanto do paraíso, há muito está, deplorávelmente, convertida num verdadeiro inferno. Começa por ser um bairro de densidade demográfica já excessiva, que conta apenas com duas vias de acesso. Mas, afinal, isto, apesar dos seus tremendos inconvenientes, não é o pior. Há a falta d'água, as ruas esburacadas, as calçadas impedidas por montes de material de construção e até por muros inconcebíveis, como, por exemplo, aqueles que se vêem na Avenida Nossa Senhora de Copacabana, entre as Ruas Fernando Mendes e Rodolfo Dantas. Dir-se-ia que os citados muros se erguem absurdamente, incrivelmente, ali, barrando a calçada, para mostrar a quantos passam pela movimentadíssima avenida que tudo é possível em Copacabana.

Tudo é, realmente, possível em Copacabana, tudo quanto é mazela. Talvez por isso, as autoridades municipais estejam despreocupadamente deixando que a praia mais famosa das Américas venha sendo transformada no mais imundo dos vazadouros. Causa engulhos o que se vê, ou, com mais exatidão e não menor repugnância, o que se pisa ali. Aquelas areias prateadas e magnificamente esplendentes ao sol estão pontilhadas do que há de mais nauseabundo. É que a praia de Copacabana passou agora a ser residência desimpedida de um dos maiores contingentes de vagabundos ainda concentrados nesta capital. Ali eles comem, ali eles dormem, ali eles fazem o que querem ou a natureza lhes dita, sem que apareça qualquer agente da autoridade para dizer-lhes que já é tempo de começar a sofrer alguma restrição a desmedida liberdade de que têm tão farta e repugnantemente abusado."
Em janeiro de 1958, Rubem Braga, cronista conceituado, escrevera Ai de ti Copacabana, crônica na qual como um profeta do apocalípse, lamentava:


Nara Leão, musa da Bossa-Nova
A Bossa Nova nasceu na Avenida Atlântica, na casa de Nara Leão, onde a partir de 1956, jovens da classe média, como: Roberto Menescal, Ronaldo Boscoli, Carlinhos Lira e outros, em torno de cervejas e sanduíches se reuniam para cantar.

Porém o fato que marcou o aparecimento da Bossa Nova foi o disco gravado por Elizete Cardoso, em 1958, Canção do amor demais, cujo acompanhamento era feito pelo violonista João Gilberto, com uma nova forma rítmica, uma batida diferente, logo batizada de Bossa Nova. João Gilberto tornou-se depois cantor e o papa da Bossa Nova, reconhecido no mundo inteiro.


Em 1955, foi inaugurado o primeiro supermercado com auto-serviço, o Disco (atual Pão de Acúcar), na Rua Siqueira Campos. Nesse mesmo ano, um incêndio determinava o fechamento de um dos mais famosos hotéis de Copacabana, o Vogue, na Avenida Princesa Isabel, cuja boate Vogue era frequentada pela alta sociedade carioca.

Dois anos depois o Rock and Roll é lançado no Brasil, justamente em Copacabana, no Copa Golf onde hoje é o Shopping Cassino Atlântico. Do Leme ao Posto Seis, Copacabana torna-se definitivamente centro de lazer da cidade. Havia 06 cinemas, o Bob’s, a varanda do Hotel Miramar, a Colombo, a piscina do Copacabana Palace, as missas do Padre Barbosa, a Americana, o Bar do Frederico (no andar térreo da boate Fred’s) e o Scaramouche (em frente ao Bob’s). O roteiro da noite incluía 36 restaurantes, 4 teatros, 3 lanchonetes (snack bars), 2 clubes e 20 boates (night clubs).

Depoimentos

"Fui músico da boite Fred´s (baterísta do conjunto do pianista Antonio Guimarães). Não vejo nenhuma referência a esse grupo musical que inaugurou aquela casa de espetáculos. Ary Barroso passou por lá com o cantor Ernani Filho. Mas um personagem da noite poderia ser mais lembrado, pela sua importância: Pedro das Flôres. Vestido a rigor, ele distribuia flores pelas mesas. Era queridíssimo por todos. Distinto, não cobrava deixando por conta do cavaleiro o receber ou não alguma ajuda em dinheiro." Fernando Mendes de Oliveira
Com o alto padrão econômico da população de Copacabana expandiu-se o transporte individual que dividia, com dificuldade, o espaço de acesso ao bairro, com ônibus e bondes. O desenvolvimento da indústria automobilística, recém criada no Brasil, fez com que a construção de prédios com garagens e estacionamento. As famílias de classe média cuja aspiração era atingir um status convencionado pela sociedade de então, procurava morar em Copacabana, mesmo que fosse em pequenos apartamentos.

Sempre havia um mocinho bonito que fazia musculação, mostrando os músculos ao usar camiseta apertada e era a imagem do jovem pobre, que procurava uma vida melhor, morando ou freqüentando o bairro.
Avenida Atlântica Anos 50
Essa imagem foi captada por Billy Blanco em samba gravado por Doris Monteiro, lançado em 1957, Mocinho Bonito:
Mocinho bonito,
perfeito improviso de falso granfino,
no corpo é atleta, no crânio é menino,
que além do ABC nada mais aprendeu;
queimado de sol,
cabelo assanhado com muito cuidado,
na pinta de conde se esconde um coitado,
um pobre farsante que a sorte esqueceu.

Contando vantagem,
que vive de renda e mora em palácio,
procura esquecer um barraco no Estácio,
lugar de origem que há pouco deixou.
Mocinho bonito,
que é falso malandro de Copacabana,
o mais que consegue é "vintão" por semana,
que a mana "do peito" jamais lhe negou.

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